Comecei este domingo, olhando os jornais do dia que, no domingo, chegam aqui à chácara de Ricardo, em Aldeia. Preparo-me para celebrar com as irmãs franciscanas, minhas amigas. Hoje, para mim, é uma celebração especial porque amanhã, 24, celebro 42 anos de padre e celebro essa ação de graças na eucaristia desse domingo. Os jornais me mostram uma imagem deprimente: o cadáver de Amuar Kadafi na Líbia e o povo fazendo procissão para ver o corpo morto. Os jornais dizem que era ditador e festejam sua morte. De fato, é deprimente. Kadafi era um beduíno do deserto que se tornou cheik árabe e de acordo com os valores e a cultura dos beduínos que não é o da democracia ocidental. Mas, foi o homem que liderou a Líbia na libertação de uma monarquia atrasada e cruel que dominava o país há muito tempo. E ajudou a Líbia a ser um país mais igualitário e desenvolvido. O seu grande crime foi nacionalizar o petróleo e impedir a entrada no país das multinacionais americanas e européias. Foi morto por isso. O povo que hoje faz procissão diante do seu cadáver, não sabem que estão olhando também o cadáver de uma Líbia livre, porque os Estados Unidos, Inglaterra e França, com omissão da ONU, farão na Líbia (já estão fazendo) o que fizeram no Iraque, no Afeganistão e em outros países, destroem tudo, se apossam das riquezas e depois estimulam os partidos locais a se devorarem e a se matarem uns aos outros. É triste, mas é isso. Nada de primavera, menos ainda primavera árabe. Só uma verdadeira reforma da ONU a tornará mais livre e capaz de se pronunciar contra essa iniquidade.