Uma de minhas últimas tarefas nesta minha missão aqui em Bruxelas é falar hoje e amanhã sobre o padre José Comblin. Ele foi um dos grandes teólogos cristãos do mundo no século XX e eu tive a sorte de tê-lo como professor de teologia no Recife nos anos 60 e desde lá fomos amigos até sua morte há seis meses, na Bahia, quando acompanhava um grupo de missionários populares. Nos últimos anos, estava vivendo no sertão da Bahia para apoiar o bispo Dom Luiz Cáppio que lidera a luta contra a transposição do rio São Francisco.
Comblin era belga de nascimento e brasileiro de adoção. Foi assessor de Dom Hélder Câmara durante muitos anos e um dos primeiros a pensar uma teologia da libertação, ou seja, uma teologia que compreenda a fé como compromisso de libertar as pessoas oprimidas. Para mim, falar de Comblin é insistir na herança profética que ele nos deixa e propor que as pessoas que hoje estudam teologia ou optam por viver a fé o façam ligando com a vida concreta e a libertação de todas as pessoas que vivem oprimidas.