Tudo o que sabemos sobre a vida de Bento, homem de Deus que viveu no século VI na região de Núrcia, na Itália (ao leste de Roma uns 70 km) é o que dele nos contou em um livro de diálogos, o papa Gregório no final do século VI. E o que Gregório diz de Bento é que era um homem que "habitava consigo mesmo", isso é, conseguiu realizar uma profunda unidade interior. Essa unidade interior é o que faria uma pessoa ser monge, termo que significa "pessoa unificada". Gregório diz ainda que Bento escreveu uma regra de iniciação para quem quisesse viver esse caminho e essa regra se caracteriza pelo equilíbrio (discrição) e pela opção comunitária.
Atualmente, no mundo inteiro, há comunidades que seguem a regra beneditina. Embora a Regra já tenha tantos séculos, não há muitas experiências de releituras e liberdade de atualização. Nos séculos antigos, quando alguém se definia como monge, era porque tinha uma linha de radicalidade evangélica de profecia e muito crítica em relação ao mundo vigente e à própria Igreja institucional. Hoje, a maioria dos monges é conhecida por seu conservadorismo e os mosteiros parecem mais museus de um passado que não existem mais.
Alguns sofrem por não terem mais jovens e quando os têm nem sempre são representantes de uma juventude mais aberta e lúcida. Se esse tipo de juventude não se interessa por mosteiros e vida de monge hoje, seria (pensam alguns) porque os jovens não têm suficiente fé ou não se abrem à vocação. E assim os monges não se interrogam nem se questionam porque os mosteiros se esvaziam... Enquanto isso, jovens procuram comunidades alternativas e experiências mais radicais.
No final dos anos 30, portanto há quase cem anos, em Lyon, vivia um padre diocesano que foi um pioneiro da Espiritualidade Ecumênica. Chamava-se Padre Paul Couturier. E ele propôs um movimento de oração e de diálogo entre cristãos de várias Igrejas e ele chamava esse processo espiritual ao qual as pessoas pertenciam sem nenhuma instituição jurídica de "Mosteiro invisível". Atualmente, no século XXI, não seria atual essa designação, mas precisamos revitalizar e articular muitas experiências que são de cenáculos de fraternidade e de profecia que são como mosteiros invisíveis mas muito atuantes e fecundos. Viva São Bento.