Nesse domingo, as comunidades católicas e de Igrejas evangélicas antigas leem o evangelho de Emaús (Lucas 24, 13- 35). Todos conhecemos a história dos dois discípulos que no mesmo domingo da Ressurreição, deixam Jerusalém e a comunidade apostólica e voltam para Emaús, isso é, voltam à vida em um povoado do campo. Na história de Israel, Emaús tinha sido palco de importante batalha que libertou Israel dos sírios na época dos Macabeus (180 anos antes de Cristo). Voltar a Emaús era para eles também ficar presos a esse ideal de libertação que a morte de Jesus veio frustrar Tanto que eles dizem: Nós tínhamos a esperança de que fosse ele que viria libertar Israel, mas... Há quem interprete o texto vendo nos dois discípulos um homem e uma mulher que vivem como casal. Pode ser. Não é essa a questão do texto. O que o evangelho mostra é dois discípulos cegos e incapazes de reconhecer o Cristo que faz caminho com eles. E que só o reconhecem na hora em que ele reparte o pão. Aí sim, lembram de que "o nosso coração ardia pelo caminho quando ele nos explicava as escrituras".
O importante é meditarmos sobre nossas Emaús de hoje, situações nas quais nos fechamos no passado e ficamos cegos para ver a novidade que Deus nos revela se nos abrirmos ao futuro e à vida. O chamado de Deus é para que saibamos nos libertar dessas amarras que nos ligam ao passado e possamos descobrir no hoje de Deus os sinais da ressurreição do Senhor. Só assim, poderemos dizer (não como os discípulos que diziam isso para ficar em Emaús): Senhor, fica conosco porque já anoiteceu...